Quase um aborto
Respirou, sonhou e já tá morto.
Mas morreu sozinho
Quietinho, educado, polido, limpinho
Amor bem nascido, planejado
Não foi malcriado, quase vivido
Foi esquecido e malvado
Mas será lembrado e querido.Amor natimorto, um conforto
Não deixou marca, nem ferida
Página virada, capítulo encerrado
Inacabado, etapa vencida
Fadado ao descaso
Encurtado de emoção
Subnutrido de idéia
Show sem platéia
Sem palco ou borderô
Amor que se acabou
Sem nem ter brotado
Como sorriso amarelo no canto da boca
Amor transeunte
Passa assim, indiferente,
Comum,
Transitório
Experimento futurista
Laboratório
Equação tão bobinha,
Receita de sobrinha
De resto, comodismo
Sem ponte nem abismo
Nem grito nem fuga, ou rusga
Nem vaia nem nada
Quase piada, sem graça, sem efeito
Sem cor e sem jeito,
Sem verve, sem candura
Imberbe, sem ternura,
Sem tesão ou procura
Amor que se cura pelo
Simples seguimento da vida
Sem adeus, nem despedida
Andando pra frente
Assim como a fila,
Assim como o ditado vulgar
Assim como o protocolo
Sem briga, sem amar e sem colo
E quer virar amizade?
Sem idade, sem vontade
Sem resquício de maldade
Sem escândalo na cidade
Amor que foi quase proscrito,
Agora é finito.
E é sincero.
Eu acredito.
Está feito
Nem tão feio
Não foi bonito
Está correto e está direito
Não estava pronto.
Estava escrito.
Está certo, perfeito
Eu já sabia e
E tenho dito.
No hay comentarios:
Publicar un comentario